Assista ao clipe com a poesia recitada por José Nazaré
Varal de arame e ripa
Que ressaca!
Cabeça pesando mais que o corpo.
E toma chá de mato!
Erva cidreira, carqueja e até de boldo.
O sol ainda dorme.
Ombro encostado no batente,
Olhar perdido pela ressaca ardente,
Encontra, em meio à penumbra,
Frente ao jirau de morototó,
Aquela mulher forte, guerreira.
Sagica e que já fez a feira!
A fumaça do cachimbo,
Com tabaco de corda, a transforma.
Cutelo afiado em golpes certeiros,
Em pequenos pedaços divide o mocotó.
Ao lado, em cima do mocho,
uma boa pesada de bucho com tripa.
Uma penca de filhos, que ainda dorme,
tem de se alimentar.
Depois, com ferro a carvão,
tem uma ruma de roupa pra passar,
Que ainda tá ali, no sereno,
sobre o varal de arame e ripa.
No batente, o filho devagar se movimenta,
A cena a incomoda, então ela pergunta:
- O que tu faz aí com esse olhar de espiar pica?
A ressaca se desfaz e rapidamente ele retruca:
- Espiar pica? Isso não lhe invejo!
E também não sei o que é isso de verdade.
Neste momento só o que vejo,
É a força de sua responsabilidade!
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