Assista ao clipe da poesia recitada por Eury Farias
Pororoca
Nem faz tanto tempo assim ...
Pirarucus, curupetés, curimatãs, tucunarés...
Saltavam, batiam n´água
Como quem diz: Tô aqui! Tô aqui!
Num urro medonho a onda se impunha:
Barrenta, gigante, violenta...
Pororoca assombrava, desbarrancava tudo à sua frente.
Virava casa, virava casco, virava barco, virava lenda.
Há pouco, tempo nas ondas fracas...
Garrafas pet, marmitex, caixinhas tetra pak...
Branquinhas, acarás, tralhotos, matupiris...
Pororoca mansinha, fazia onda pros surfistas e jet skis.
Hoje, barragens, “bufaladas”, matriz energética,
Risco iminente, lucro cessante, hidrelétricas...
Pirarucus, curupetés, curimatãs, tucunarés...
Branquinhas, acarás, tralhotos e matupiris...
Se bronzeando de peito pra cima
Na superfície fria da água barrenta,
No leito largo de baixo calado do indigente rio.
Pororoca já meteu medo.
Virou casco, virou festa, festival, virou lenda!
Virou lenda...
Sumiu!
Nenhum comentário:
Postar um comentário