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Catarina (Adaury Farias)

 

Escute a poesia recitada por Adaury Farias



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Catarina 

Passo displicente, um tanto insinuante.
Caminhar envolvente... aquela saia curta e plissada...
Num balanço faceiro e cheio de charme.
Cabelos compridos na cor dos raios do entardecer,
Iluminavam, qual um refletor, aquele corpo escultural.

Pele sedosa num tom de canela.
Sinuosamente desenhada, simplesmente linda.
Caminhava num gingado.... afrodisíaco!
Olhar conspirador, misterioso até.
Que alterava o raciocínio e o batimento cardíaco.

Do outro lado da rua um pretinho atrevido
Pulava e se escondia e dizia: Psiu! Psiu!

Um sorriso de Monalisa se desenhava
Naquele rosto, naquele corpo esguio.
Escultural e majestoso e sexy e sensual.

Pertinho das seis, o olhar sombreava a esquina.
Era ela que vinha destilando o doce e suave veneno,
Num passo cadente cheio de graça na mesma rotina.
E o pretinho atrevido do outro lado da rua,
Sempre pulava e se escondia e dizia: Psiu! Psiu!

Todas as tardes, ali espreitava aquela presença.
Tantas fantasias, mas nenhuma eloquência.

Depois de longa odisseia platônica,
Uma onda de bravura em mim se instalou.
É hoje! De hoje não passa! Agora eu vou!

Não sei se por encanto ou maledicência,
Catarina, era o nome dela, nessa tarde não veio!
E o pretinho atrevido, que ficava do outro lado da rua,
Também sumiu. Ali por perto nunca mais ninguém viu.

Puxa! ... Eu devia ter feito aquele psiu!

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