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Indelével matiz (Leury Farias)


Assista ao clipe da poesia recitada por Leury Farias


Indelével matiz

Havia um canto alegre entre tocas e buritis.
Num galho um canário... noutro uma guariba a guinchar...
Na terra, no pé da árvore, um pequeno e lento jabuti.
Mais adiante, no igarapé, mais um destino a encontrar.

Havia mais que a simples melodia!
Havia uma espera de tocaia urdida.

Vida livre na natureza exuberante 
Cenário perfeito de seres tranquilos.
Impróprio para seres pensantes
Vindo de tão longe, tão distante ...
Caminhos tão diferentes, tão errantes ...
Busca incessante a persegui-los

Desliza a canoa entre os aguapés.
O estalo do disparo vem de lá do igarapé!

Canário muda pra outro galho qualquer.
O resto do dia nem um pio sequer.
Quedou-se a guariba por terra abatida
No ajunte, também foi o jabuti.

Na outra margem, outra linha do destino.
Imagem bizarra gravada na mente, indelével matiz,
Mudo, sem poder mudar o caminho.
Restou um silêncio absurdo entre tocas e buritis. 


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