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Tudo fora do lugar


Um amigo perguntou, cortesmente, como eu estava.
Senti uma vontade enorme de desabafar...
Mas, como ele poderia pensar que eu estivesse demente,
Vacilei um pouco e assumi o risco.
Não me contive e me pus a falar:
Meu papagaio me aporrinha se queixando de dor de dente
O galo do vizinho que me acordava de madrugada,
Agora canta desafinado como uma galinha d’angola
Disputando sinfonia com o Sabiá da mangueira.
Até a perereca que vivia coaxando quando chovia
E fazia banquete com grilos, mariposas e muriçocas,
Está do tamanho dum sapo boi com a ração dos cães da dona Sônia.
Pior é o gato safado da Marta que, não caça mais rato ou barata.
Depois que ralhei com ele, vira e mexe o doido mija no meu sapato.
E, no meio da madrugada, o bandido saltita de propósito
Na frente do sensor de alarme da garagem pra que ele dispare
Só pra me acordar e, quando olho pela câmera, ele está lá balançando o rabo,
Parece a Anita no carnaval de Olinda.
Não, não tô bem.
Como poderia estar se tudo parece fora do lugar?
Fora isso, só o Diazepam que parei de tomar.

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