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Vernissage - Pintura & Poesia - 28 de setembro de 2017

 





















Enxertia de Maria-fecha-porta no pé de Jurubeba


Enxertia de Maria-fecha-porta no pé de Jurubeba
(Óleo sobre tecido acústico. A tela tem um mecanismo giratório que faz com que 
ela possa girar 360º, mudando a posição que melhor agradar ao observador)

Varal de Arame e Ripa



Varal de arame e Ripa
(Óleo sobre tecido acústico. A tela tem um mecanismo giratório que faz com que 
ela possa girar 360º, mudando a posição que melhor agradar ao observador)

Desafio entre o Sabiá na mangueira e o Bem-te-vi na rede de baixa tensão


Desafio entre o Sabiá na mangueira e  o Bem-te-vi na rede de baixa tensão 
(Óleo sobre tecido acústico. A tela tem um mecanismo giratório que faz com que 
ela possa girar 360º, mudando a posição que melhor agradar ao observador)

Machado não racha mais lenha de labareda


Machado não racha mais lenha de labareda
(Óleo sobre tecido acústico. A tela tem um mecanismo giratório que faz com que 
ela possa girar 360º, mudando a posição que melhor agradar ao observador)

A dança do Guará com o Bicho Preguiça


A dança do Guará com o Bicho Preguiça
(Óleo sobre tecido acústico. A tela tem um mecanismo giratório que faz com que 
ela possa girar 360º, mudando a posição que melhor agradar ao observador)

Última Viagem no último vagão para a Serra do Navio


Última Viagem no último vagão para a Serra do Navio
(Óleo sobre tecido acústico. A tela tem um mecanismo giratório que faz com que 
ela possa girar 360º, mudando a posição que melhor agradar ao observador)

Acasalamento dos Biguás sobre a Pedra do Guindaste



Acasalamento dos Biguás sobre a Pedra do Guindaste
(Óleo sobre tecido acústico. A tela tem um mecanismo giratório que faz com que 
ela possa girar 360º, mudando a posição que melhor agradar ao observador)

Mangalarga sobre a ponte com mata-burro sobre o Rio das Malas


Mangalarga sobre a ponte com mata-burro sobre o Rio das Malas
(Óleo sobre tecido acústico. A tela tem um mecanismo giratório que faz com que
ela possa girar 360º, mudando a posição que melhor agradar ao observador)

Bate prego, bate nível, bate lata. Acabô, banhô!


Bate prego, bate nível, bate lata. Acabô, banhô!
(Óleo sobre tecido acústico. A tela tem um mecanismo giratório que faz com que 
ela possa girar 360º, mudando a posição que melhor agradar ao observador)

Transmutação do Inconsciente (Magno Carvalho)


Escute esta poesia recitada por Magno Carvalho


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Transmutação do Inconsciente

Surgem imagens rebuscadas na imaginação.
Rabiscos em grafite tingem o papel,
Em traços aleatórios de simples gestos.

Em dado momento a forma aparece.
Ganha cores, movimento, se fortalece.
E dessas imagens, um cenário.
Nasce uma história e daí a poesia!

Mudando a cada etapa, a imagem cria núcleo.
O que era um rascunho solto ganha um refúgio.
Gera um intrigante processo de transmutação.

Um teletransporte quântico da imaginação.

Visita a Manoel Bandeira (Adaury Farias)


Escute esta poesia recitada por Adaury Farias


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Visita a Manoel Bandeira

Não sei se é prosa ou se é um causo
De qualquer forma chamei  de poesia
aos primeiros versos que li, dizia assim:

“Irene preta, Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
- Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença”.

Não sei se era bulling ou preconceito
Achei muito bonito e guardei os versos dentro do peito.

Mais tarde, deitado na beira do rio
Ouvindo o canto da mãe d´água
“E triste, mas triste de não ter jeito”
Encontrei o caminho prá Pasárgada.

E junto veio Berimbau...
“Chamando o Saci, si, si....
Ui, ui, ui, ui, ui, uiva a Iara!
Entre os Aguapés, dos Aguaçais,
nos Igapós dos Japurás”.

Pula do meio do lago um sapo...
“Sapo-cururu da beira do rio.
Oh! que sapo gordo!
Oh! que sapo gordo!
Oh! que sapo feio!”

E berra bem pertinho dali um outro sapo.
O Sapo Boi, num ronco que aterra, dizendo:
"Meu pai foi a guerra!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

Em Testamento:
“Vi terras de minha terra
Por outras terras andei
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado
Foram terras que inventei”

Não faço versos como ele...
“Não faço porque não sei”
Versos como aquele para mulher amada:
“Teu corpo é tudo que brilha
Teu corpo é tudo que cheira
Rosa... flor de laranjeira...”

Se um dia eu aprender a fazer versos,
Quero ser assim como Bandeira.

Quero ir no Trem de Ferro:
“Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria!
Que é isso maquinista”.

Na viagem em que
“Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada”

Conhecer o reino de Pasárgada
Pois “lá serei amigo do rei
Terei a mulher que quero
Na cama que escolherei”

Goiabal (Deury Farias)


Escute esta poesia recitada por Deury Farias


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Goiabal

Chuva fina, paisagem incrível.
Repiquete sobre a estradinha de terra batida
Búfalos, vacas, cavalos desgarrados da manada,
Descansam tranquilos na estreita faixa de terra visível.

Vrum... Vruuum... Vruuuuuuuuuuum ...

Assustam-se anuns, garças, guarás, colhereiras...
Em revoada, tingem o céu
Num tom degradê de cinza e púrpura.

Gravetos secos de murici, embaúba,
Barbatimão, vinagreira, cupiúba...
Estalam-se ardentes sob tainhas,
Corvinas, tucunarés, gurijubas...
Levemente ticados, sem muito tempero!
Apenas sal e limão, pra não ficar sem graça.
Delícias ao molho de tucupi com pimenta.
E, claro, uma boa dose de cachaça. 

A brisa fria do oceano, entre cavalos e currais,
Aquece a cevada sobre a mesa.
À sombra do enorme cajueiro, rola papo cabeça:
Palpites sobre neuroses cardíacas.
Nativos, com estórias medonhas de pescarias,
Turistas, com histórias podres da política.

Espalhados pelo quintal, ciscam cismados,
Gordos patos, galinhas caipiras, marrecas tão belas
Sinal de ensopado, canja ou cabidela,
Ao crepúsculo desse dia tão sagrado e tão profano!

Goiabal, tão perto do céu, tão perto do mar,

Tarja preta pro estresse urbano!

O Esperador (Fernando Soares)


Escute esta poesia recitada por Fernando Soares


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O esperador

E todo dia de manhã, logo cedinho,
Surge imponente, atrás das ilhas,  
Num tom púrpura transparente,
Assíduo e quase pontual, o Sol. 

Enciumada, a chuva, com nuvens cinza escuro
As vezes protela o resplandecente brilho ultravioleta.
Que se esquenta, se levanta e .... se vai!

E todo dia, no ciclo certo, a força das ondas
Mansas, suaves, balançam os barcos que vem e que vão.
Kitesurf´s, com velas ao vento, colorem o cenário no rio,
(pintura exótica) riscam as águas, o ar e aos poucos se vão!

No finalzinho do dia,
Depois de vinte e um de espera,
Ao nascer da noite, sem hora certa,
com luz de prata ela desperta.
Lua cheia enchendo de graça
E fantasia o imaginário humano.

Se grega, Selene.
Diana pros romanos, protetora da caça e da noite,
Ou, pros índios daqui, simplesmente, Jaci.

Todo dia, um sol.
Todo dia, duas marés.
Algumas vezes tem chuva.
Que, com nuvens, o brilho permeia.
Todo mês, uma só Lua cheia.

Pra despertar a poesia
Precisa apenas um raiar do dia,
O compasso estonteante das marés,
O traçado qualquer das pranchas com velas,
Uma lua cheia e a alegria de esperar

Que noutro dia tudo terá.

Ondas Grisalhas (Gleury Farias)


Escute esta poesia recitada por Gleury Farias


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Ondas grisalhas

Águas barrentas com ondas grisalhas
Se quebram violentas no muro de arrimo.
Névoas, respingos, encharcam a terra.
Despertam encantos e suspiros de todos que passam.
Nas ondas, as pranchas; no céu, as velas.
Kitesurf  revela a força do rio
De ventos tão fortes, abraço arredio.

Águas inquietas aos poucos se acalmam.
Trazendo consigo  canoas e barcos
Com frutas, com peixes, mariscos e caças.
Agito frenético  da vida que vem e que passa.

Agora, águas serenas embora se vão!
O leito argiloso desponta solene pro jogo de bola.
Despesca de redes e cacuris tomando meiota.
Moleques jogando peteca, soltando rabiola.
Mergulhões, gaivotas... bicando petiscos
na onda que sobe, na onda que  volta.

Os barcos se vão, as ondas se vão...
Antes rio agitado. Agora febril!
Um banzo se instala no imenso vazio.
Mudança de fluxo no rumo das águas.
Os barcos se vão, as ondas se vão...

As horas se passam...  doze horas se vão.
Ao olhar distante, surge num relance,
No horizonte, uma mecha esbranquiçada,
Que aos poucos se instala. Apressada, agitada.

São águas barrentas com ondas grisalhas
Chegando inquietas sobre a argila da praia
Trazendo consigo lanchas, canoas, barcos,
Com frutas, com mariscos, peixes e caças.
Alegria “cabôca” que vem e que passa.

De novo, de novo ... e nunca se acaba.

Dois meninos na rua (Dalva Marília)


Escute esta poesia recitada por Dalva Marília


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Dois meninos na rua

Dois meninos na rua,
Dois destinos no chão.
O preço da maldade crua,
De calma pro violento e ladrão.

O conto do paco é furado.
A lábia ninguém escolheu.
Se tudo que fez foi incerto,
Então pra que ser honesto?

Bem cedo desde a miséria
E hoje é matéria pros jornais.

A estrada tudo destrói.
Cresceu a esperança divina
De ser ali na esquina
O grande malandro herói.
Filhos da outra vontade.
Nas noites de lua mansa,
Nos dias de luta não cansa.

Bem cedo desde a miséria
E hoje é matéria pros jornais.

A mão nas bolsas, estórias...
Mais tarde gritos, mentiras.
Em alarde, arde, palmas, palmatórias.
Padece em castigo o mão-leve.
O medo ficou pra trás.

Bem cedo desde a matéria

E hoje é miséria nos jornais.

Realidade Passiva

Fantasias, verdades passivas
Dos sonhos impuros por terra caídos
Que roubaram as vidas.
Devolvem ideal e coração moídos.

         Fantasias, realidades medonhas
         Tiradas do lúgubre pensamento.
         Alento aos que vivem morrendo
         Sem alma amor sentimento. . .

Fantasias, verdade reais,
Enquanto não vem os amores reais
Calando o trôpego sofrer.
          
         Nos contra-tempos, contra-vidas
         Sonhos de doces sofismas.
         A verdade mais forte é morrer!.