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Goiabal (Deury Farias)


Escute esta poesia recitada por Deury Farias


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Goiabal

Chuva fina, paisagem incrível.
Repiquete sobre a estradinha de terra batida
Búfalos, vacas, cavalos desgarrados da manada,
Descansam tranquilos na estreita faixa de terra visível.

Vrum... Vruuum... Vruuuuuuuuuuum ...

Assustam-se anuns, garças, guarás, colhereiras...
Em revoada, tingem o céu
Num tom degradê de cinza e púrpura.

Gravetos secos de murici, embaúba,
Barbatimão, vinagreira, cupiúba...
Estalam-se ardentes sob tainhas,
Corvinas, tucunarés, gurijubas...
Levemente ticados, sem muito tempero!
Apenas sal e limão, pra não ficar sem graça.
Delícias ao molho de tucupi com pimenta.
E, claro, uma boa dose de cachaça. 

A brisa fria do oceano, entre cavalos e currais,
Aquece a cevada sobre a mesa.
À sombra do enorme cajueiro, rola papo cabeça:
Palpites sobre neuroses cardíacas.
Nativos, com estórias medonhas de pescarias,
Turistas, com histórias podres da política.

Espalhados pelo quintal, ciscam cismados,
Gordos patos, galinhas caipiras, marrecas tão belas
Sinal de ensopado, canja ou cabidela,
Ao crepúsculo desse dia tão sagrado e tão profano!

Goiabal, tão perto do céu, tão perto do mar,

Tarja preta pro estresse urbano!

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