Escute esta poesia recitada por Adaury Farias
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Visita a Manoel Bandeira
Não sei se é prosa ou se é um causo
De qualquer forma chamei de poesia
aos primeiros versos que li, dizia assim:
“Irene preta, Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
- Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença”.
Não sei se era bulling ou preconceito
Achei muito bonito e guardei os versos dentro do peito.
Mais tarde, deitado
na beira do rio
Ouvindo o canto da mãe d´água
“E triste, mas triste de não ter jeito”
Encontrei o caminho prá Pasárgada.
E junto veio Berimbau...
“Chamando o Saci, si, si....
Ui, ui, ui, ui, ui, uiva a Iara!
Entre os Aguapés, dos Aguaçais,
nos Igapós dos Japurás”.
Pula do meio do lago um sapo...
“Sapo-cururu da beira do rio.
Oh! que sapo gordo!
Oh! que sapo gordo!
Oh! que sapo feio!”
E berra bem pertinho dali um outro sapo.
O Sapo Boi, num
ronco que aterra, dizendo:
"Meu pai foi a guerra!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
Em Testamento:
“Vi terras de minha terra
Por outras terras andei
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado
Foram terras que inventei”
Não faço versos como ele...
“Não faço porque não sei”
Versos como aquele para mulher amada:
“Teu corpo é tudo que brilha
Teu corpo é tudo que cheira
Rosa... flor de laranjeira...”
Se um dia eu aprender a fazer versos,
Quero ser assim como Bandeira.
Quero ir no Trem de Ferro:
“Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria!
Que
é isso maquinista”.
Na viagem em que
“Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada”
Conhecer o reino de Pasárgada
Pois
“lá serei amigo do rei
Terei a mulher que quero
Na cama que escolherei”
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